Se você já se pegou admirando um feed de Instagram harmonioso, uma decoração de casa que parece saída de um filme ou até mesmo um visual de rua que parece “montado”, então você já entrou em contato com o universo da aesthetic. Essa palavrinha, que vem do grego “aisthetikos” (percepção pelos sentidos), virou moda pra descrever tudo que tem um apelo visual marcante. Mas vai muito além da beleza superficial: é sobre identidade, cultura e até filosofia.
O que começou como um termo acadêmico no século XVIII, com o filósofo alemão Baumgarten, hoje dita regras no TikTok e no design de apps. De repente, todo mundo quer ter uma aesthetic definida — seja no guarda-roupa, no perfil online ou até na playlist do Spotify. E não é só sobre ser bonito: é sobre comunicar quem você é sem dizer uma palavra.
De onde vem essa obsessão por aesthetics?
Nos anos 2010, o Pinterest começou a popularizar a ideia de “mood boards” — aqueles painéis visuais que condensam um estilo. Foi aí que a noção de aesthetic escapou das galerias de arte e foi parar no cotidiano. Lembro de uma amiga designer que passou 3 dias escolhendo o tom exato de bege para o Instagram da sua marca de cerâmica. “Não pode ser muito amarelado, tem que combinar com a textura das minhas peças”, ela dizia. Isso é a estética aplicada na prática.
Hoje, subculturas digitais criam suas próprias aesthetics como linguagem visual. O cottagecore (vibe campestre romantizada) e o dark academia (ar intelectual gótico) são ótimos exemplos. São tribos que se reconhecem primeiro pela imagem: tweed e livros velhos para uns, vestidos florais e piqueniques para outros. Até algoritmos aprendem a reconhecer esses padrões — o que explica por que seu Explore vira um espelho do seu gosto.
3 sinais de que você já adotou uma aesthetic sem perceber:
- – Seu guarda-roupa tem uma paleta dominante: Se 70% das suas roupas são neutros ou cores pasteis, isso não é coincidência.
- – Você rejeita objetos “que não combinam”: Aquela caneca de presente que fica escondida porque “estraga a vibe” da cozinha.
- – Sente atração por ambientes específicos: Livrarias antigas ou lojas de plantas podem ser seu paraíso pessoal.
Aesthetics que dominaram a década (e por quê)
Algumas visuals explodiram nos últimos anos e dizem muito sobre nosso momento cultural. O vaporwave, com seus rosa-choque e estátuas gregas pixeladas, era uma crítica à nostalgia capitalista. Já o clean girl aesthetic (pele brilhante, coques perfeitos) reflete a pressão por produtividade disfarçada de autocuidado. Não é só sobre aparência — é sociologia visual.
Na arquitetura, o brutalismo ganhou fãs nas redes sociais por seu visual “cru”, enquanto o Japandi (fusão de japonês e escandinavo) virou queridinho de quem busca minimalismo aconchegante. Uma arquiteta me contou que clientes agora chegam com prints de Pinterest dizendo “quero minha casa com essa aesthetic”, muitas vezes sem entender os princípios por trás.
Como aplicar na prática (sem virar escravo da tendência)
Criar uma aesthetic pessoal autêntica começa com autoobservação. Anote quais imagens, lugares ou objetos te causam aquela pontada de identificação. Uma dica da minha experiência: fotografe cantos da cidade que te atraem e depois analise o padrão — talvez sejam linhas geométricas ou cores saturadas que falem com você.
No digital, ferramentas como o Adobe Color ajudam a extrair paletas de fotos que você ama. Mas cuidado com a armadilha da coerência excessiva: a estética mais interessante muitas vezes surge de combinações inesperadas. A artista Yayoi Kusama mistura bolinhas psicodélicas com moda vintage, enquanto Beyoncé une referências africanas a futurismo em seus visuais.
Campos onde a aesthetic faz diferença:
- – Profissional: Um portfólio com identidade visual clara atrai clientes alinhados.
- – Relacionamentos: Pessoas com gostos visuais similares tendem a se conectar mais.
- – Bem-estar: Ambientes harmoniosos reduzem ansiedade — a neuroarquitetura comprova.
No fim, dominar sua aesthetic é como aprender a assinar visualmente o mundo ao seu redor. E o melhor? Está sempre em evolução, assim como você. Que tal começar hoje a notar quais padrões visuais te fazem parar e sentir?