O conto da Aia, Margaret Atwood – Resenha

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Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países.

Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano.

O conto da Aia, Margaret Atwood - Resenha
Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano.

“Conto, em vez de escrever, porque não tenho nada com que escrever e, de todo modo, escrever é proibido. Mas se for uma história, mesmo em minha cabeça, devo estar contando-a a alguém. Você não conta uma história apenas para si mesma. Sempre existe alguma outra pessoa. Mesmo quando não há ninguém. Uma história é como uma carta.”

O conto da Aia

O conto da Aia é categorizado como distopia e como ficção especulativa. Tratando-se à estória, de um futuro não muito distante (O livro é retratado como sendo 7 anos no futuro, assim, sete anos depois de 1985, anos em que foi publicado o livro), mesmo assim, tudo esta irreconhecível.

Tudo se passa onde era os EUA, que foi destruído, e agora se chama Republica de Gilead, com um governo totalitário e  teocrático, destruindo completamente a constituição que ali existia.

Isto sendo acarretado por grandes epidemias que estava extinguindo a população, a incessante utilização de inseticidas e agrotóxicos, acidentes nucleares, entre outros, acabou levando mundo a uma situação de infertilidade. Fazendo assim das mulheres ainda férteis, uma raridade. Que é o que a Republica de Gilead tem em foco, a procriação.

E ainda por cima utilizando as leis da bíblia de uma forma exagerada, para comandar a nova republica que ali foi estabelecido.

Criando assim, uma sociedade em que as mulheres não tinham autoridade, voz ou direitos. Sendo “utilizadas” para trabalhos domésticos, isto é, para as mulheres que eram inferteis. As que ainda tinham o “dom” da criação, eram utilizadas como Aias.

As mulheres na Republica de Gileard eram dividas em grupos, que representam as suas funções. Que são:

  • As Aias: Da reprodução. Que são obrigadas a terem relações com os comandantes e terem filhos;
  • As martas: Que são as mulheres que são as empregadas domésticas, incapazes de ter filhos.
  • As esposas: que são as esposas ricas. As esposas dos comandantes.
  • As Econoesposas: as esposas pobres;
  • As tias: Que são responsáveis em ensinar as aias à exercerem suas funções.

No entanto, é importante ressaltar que nenhuma das mulheres tem liberdade, ou livre-arbitro dentro da Republica. Pois, cada uma deve seguir sua “função”, sem transgressões.

Trazendo assim, um ponto crucial para o enredo do livro, as Aias.

“Nolite te bastardes carborundorum”

A formação do grupo de Aias

A republica de Gilead com eu já expliquei acima, utiliza a Bíblia com fonte de leis a serem regidas. Trazendo assim a formação do grupo de Aias, através da interpretação “ao pé da letra” de um trecho da bíblia, que seria este:

“Vendo, pois, Raquel que não dava filhos a Jacob,

teve Raquel inveja da sua irmã, e disse a Jacob:

‘Dá-me filhos, ou senão eu morro.’

Então se acendeu a ira de Jacob contra Raquel e disse:

‘Estou eu no lugar de Deus, que te impediu

o fruto do teu ventre?’

E ela disse: ‘Eis aqui a minha serva, Bilha;

Entra nela para que tenha filhos sobre os meus joelhos,

e eu, assim, receba filhos por ela.'”*

*Parte esta encontrada na epígrafe do livro O conto da Aia.

Que o ponto do enredo de O conto da Aia. Sim, as mulheres que eram férteis, tinha como única e exclusiva finalidade de engravidar. Sim! é terrível, e o livro te mostra isso da forma mais crua possível. Nos somos jogados em um cenário, em que a mulher é submetida a atos que são sim estupro e ao autoritarismo que o sistema impõe sobre as aias, de que elas são exclusivamente úteros que precisa ser fecundado. Tirando assim qualquer voz que a mulher possa vir à ter. E a expondo a um situação que liga de forma cruel a politica ao sexo.

O conto da Aia é narrado em primeira pessoa, por uma destas Aias, que é a Offred, nossa protagonista. Que vai ao decorrer do livro, descrever o que é realmente viver como uma Aia, a rotina, os abusos, e principalmente a dor da relembrar o que as mulheres já foram um dia. A voz e o poder que as mulher tinham.

O que acaba mexendo com quem lê, fazendo-nos refletir sobre o “poder e voz” que temos agora.

Para quem leu, já entende o desconforto que é essa leitura ao psicológico. E para quem não leu, posso dizer que O conto da Aia,vai sim mexer muito com você, em mim particularmente causou um nó na garganta, um aprendizado.

E o fim desde livro, nos mostra que à esperança.

O conto da Aia, Margaret Atwood - Resenha

Por que a volta ao topo do livro O conto da Aia e sua importância nos dias atuais

O livro O conto da Aia, foi lançado originalmente em 1985, é considerado um clássico contemporâneo nos Estados Unidos e Canadá. E, no entanto, voltou com força total de 2017, com o lançamento do seriado : The Handmaid’s Tale, pela Hulu. que veio à ganhar inclusive o Emmy e o Globo de Ouro.

O conto da Aia ganhou espaço nas discussões de feminismo. Sendo usado inclusive trechos em manifestações feministas contra o presidente dos EUA Donald Tramp.

E por relatar de forma tão brutal a exclusão dos direitos das mulheres e da constituição, nos remete ao que temos hoje e o que ainda podemos conquistar. Com um cuidado gigante, para que ao invés de progredirmos não regredirmos. Nos tornando um a sociedade sem voz.

Devemos sim lutar por nossos direitos, sem esquecer o que já fomos, e sem esquecer que o caos e a escassez de nossos direitos pode sim esta a um passo.

 “Era assim que vivíamos então? Mas vivíamos como de costume. Todo mundo vive, a maior parte do tempo. Qualquer coisa que esteja acontecendo é de costume. Mesmo isto é de costume agora. Vivíamos, como de costume, por ignorar. Ignorar não é a mesma coisa que ignorância, você tem de se esforçar para fazê-lo. Nada muda instantaneamente: numa banheira que se aquece gradualmente você seria fervida até a morte antes de se dar conta. Havia matérias nos jornais, é claro. Corpos encontrados em valas ou na floresta, mortas a cacetadas ou mutilados, que haviam sido submetidos a degradações, como costumavam dizer, mas essas matérias eram a respeito de outras mulheres, e os homens que faziam aquele tipo de coisas eram outros homens.”

Alguns socos no estômago em forma de Quotes

“O mundo está cheio de armas, se você estiver procurando por elas. Deveria ter prestado atenção.”

“Lamento que haja tanto sofrimento nesta história. Lamento que esteja em fragmentos, como um corpo apanhado num fogo cruzado ou desfeito em pedaços á força. Mas não há nada que eu possa fazer para mudá-la.”

“Que a mulher aprenda em silêncio com toda a sujeição. […] Mas não tolerarei que uma mulher ensine, nem que usurpe a autoridade do homem, apenas que se mantenha em silêncio.”

“O corpo é tão facilmente danificado, tão facilmente descartado, desfazer-se dele é tão fácil, água e substância química é tudo o que ele é, pouco mais complicado que uma água-viva secando na areia.”

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